Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.
O que se espera de um livro bastante vendido? Que ele seja, no mínimo, bom. Entretanto, no caso de A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr, essa expectativa não é alcançada. O livro, contraditoria e impressionantemente, é fraco, frente ao seu tremendo sucesso. Os planos do autor de criar uma grande obra épica foram frustrados e resultaram em um livro espesso e chato, com direito a uso excessivo de analepses, mudança do foco narrativo e personagens desinteressantes.
Já no início, o leitor é surpeendido por uma narrativa promissora, mas que não deslancha, pois o Spohr decide por uma "pedra do caminho". Antes de alcançarmos a página 50, antes mesmo de nos situarmos na confusa história, somos lançados em um enorme flashback sem motivo que, como uma outra história independente, tem início, meio e fim. O problema não reside em interromper a narrativa, apenas, mas também no fato que o flashback não tem influência quase nenhuma na enredo principal. Para não tirar seu mérito, serve apenas para narrar como se deu o primeiro encontro entre os protagonistas. Desnecessário. Esqueça o apocalipse quando estiver lendo essa parte; sobre ele não será falado por um bom tempo. Não obstante, a mesma proeza se repete páginas depois, justo quando o livro começa a fazer jus ao seu nome. Mais chato e maior, parece que a finalidade da nova interrupção é fazer o leitor desistir do livro. Geralmente, ler uma história perde a graça quando já se sabe como vai terminar. É isso que acontece nesse trecho de tempo psicológico de "A Batalha do Apocalipse". Essas várias interrupções no enredo principal contribuem para que o livro não prenda e conquiste o leitor.
Além da história descontínua, o autor "inova" e surpreende com uma mudança no foco narrativo. Inexplicavelmente, o texto passa da terceira para a primeira pessoa e assim fica até o autor decidir passar pra terceira pessoa novamente. Não sei o que levou Spohr a fazer isso, mas não foi uma boa sacada, pois certamente deixou muitos leitores, principalmente os mais atentos e exigentes, confusos.
Soma-se a isso, o fato que os personagens de A Batalha do Apocalipse são extremamente desinteressantes, por exemplo, o protagonista Ablon. Segundo o próprio livro, suas atitudes e as dos outros anjos são guiadas pela sua natureza apenas, ou seja, não tem livre-arbítrio. Em outras palavras, o personagem principal do romance é como um robô. Entretanto, o autor se contradiz, já que durante a trama, Ablon e outros anjos claramente tomam decisões. Mesmo assim não deixa de ser um personagem chato: não passa de um herói idealizado tentando salvar sua amada Shamira, com quem tem um romance. Os outros personagem seguem esse padrão: superficiais.
Para quem procura apenas ação, lutas, explosões e seres mitológicos, A Batalha do Apocalipse é uma boa sugestão. Porém, para aqueles que gostam de uma história original e bem construída, esse livro provavelmente não irá agradar.