They Came to Baghdad (ou "Aventura em Bagdá", em português) foi o primeiro livro da Agatha Christie que li e confesso que pouco sabia sobre a autora. Considerada a rainha do crime, tenho um receio de que esse livro deve fugir um pouco às caraterísticas das suas outras obras, que são marcadas por uma trama investigativa, com espionagem, mistério e crime como pontos principais da obra. Não que They Came to Baghdad não tenha essas características, mas talvez seria melhor descrito como uma "aventura investigativa". Em todo caso, como meu primeiro livro da autora que leio, a leitura foi muito agradável e envolvente, mesmo fugindo ao "padrão Christie".
Primeiramente, um ponto notável de diferenciação é o fato da protagonista não ser uma espiã ou detetive, porém, apenas uma jovem londrina em busca de uma boa aventura: Victoria Jones. A história se passa em Bagdá, mas se inicia em Londres. Sem emprego, Victoria conhece o jovem Edward numa praça em Londres e em poucos minutos de conversa se apaixona por ele. Ao descobrir que, no dia seguinte, ele iria a Bagdá a trabalho, seu espírito aventureiro é incitado e ela decide ir atrás de Edward na capital do Iraque. Lá, quando um misterioso homem morre no seu quarto de hotel, ela acaba por se envolver numa conspiração criminosa contra uma conferência entra as duas potências mundiais vigentes. A trama envolve muito mistério, investigação e espionagem, mas no entanto, tudo parece uma grande aventura na vida da protagonista Victoria Jones.
As personagens são muito bem construídas, consideradas o ponto forte do livro. A protagonista, por exemplo, é interessante por ter reais qualidades e defeitos: uma jovem londrina que trabalha como datilógrafa (que não empenha muito bem seu ofício por escrever errado em demasia), que mente muito bem, mas, em contrapartida não sabe fazer suas "verdades soarem verdadeiras", e que possui um espírito aventureiro um tanto ingênuo e tolo. Assim são também as outras personagens, cada uma com uma personalidade distinta e até mesmo caricata. A ambientação também é muito interessante, já que a história se passa num local não muito comum, inusitado: Bagdá.
Agora, falando da história e seu desenvolvimento, algumas coisas poderiam ter sido melhores. Primeiramente, a trama demora muito para deslanchar. Os primeiros capítulos narram, alternadamente, histórias de personagens que não têm aparente ligação. Até a metade, quando a trama realmente começa a desenrolar, o livro é uma mistura confusa de personagens e lugares que pode fazer um nó na cabeça do leitor. As aventuras de Victoria Jones começam mesmo na segunda metade da obra, a parte mais cativante da leitura. Mas vale a pena esperar. O enredo se baseia numa conspiração vaga e em acontecimentos e atitudes de alta improbabilidade, mas não deixa de ser envolvente. O mistério é constante, as personagens não são previsíveis e o desfecho é surpreendente.
Como primeira leitura de Agatha Christie, posso dizer que foi muito agradável e que estou animado para ler suas outras obras, principalmente as mais conhecidas. A leitura vale muito a pena, recomendo! :-)