quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Resenha: They Came to Baghdad, Agatha Christie

They Came to Baghdad (ou "Aventura em Bagdá", em português) foi o primeiro livro da Agatha Christie que li e confesso que pouco sabia sobre a autora. Considerada a rainha do crime, tenho um receio de que esse livro deve fugir um pouco às caraterísticas das suas  outras obras, que são marcadas por uma trama investigativa, com espionagem, mistério e crime como pontos principais da obra. Não que They Came to Baghdad não tenha essas características, mas talvez seria melhor descrito como uma "aventura investigativa". Em todo caso, como meu primeiro livro da autora que leio, a leitura foi muito agradável e envolvente, mesmo fugindo ao "padrão Christie".

Primeiramente, um ponto notável de diferenciação é o fato da protagonista não ser uma espiã ou detetive, porém, apenas uma jovem londrina em busca de uma boa aventura: Victoria Jones. A história se passa em Bagdá, mas se inicia em Londres. Sem emprego, Victoria conhece o jovem Edward numa praça em Londres e em poucos minutos de conversa se apaixona por ele. Ao descobrir que, no dia seguinte, ele iria a Bagdá a trabalho, seu espírito aventureiro é incitado e ela decide ir atrás de Edward na capital do Iraque. Lá, quando um misterioso homem morre no seu quarto de hotel, ela acaba por se envolver numa conspiração criminosa contra uma conferência entra as duas potências mundiais vigentes. A trama envolve muito mistério, investigação e espionagem, mas no entanto, tudo parece uma grande aventura na vida da protagonista Victoria Jones. 

As personagens são muito bem construídas, consideradas o ponto forte do livro. A protagonista, por exemplo, é interessante por ter reais qualidades e defeitos: uma jovem londrina que trabalha como datilógrafa (que não empenha muito bem seu ofício por escrever errado em demasia), que mente muito bem, mas, em contrapartida não sabe fazer suas "verdades soarem verdadeiras", e que possui  um espírito aventureiro um tanto ingênuo e tolo. Assim são também as outras personagens, cada uma com uma personalidade distinta e até mesmo caricata. A ambientação também é muito interessante, já que a história se passa num local não muito comum, inusitado: Bagdá.

Agora, falando da história e seu desenvolvimento, algumas coisas poderiam ter sido melhores. Primeiramente, a trama demora muito para deslanchar. Os primeiros capítulos narram, alternadamente, histórias de personagens que não têm aparente ligação. Até a metade, quando a trama realmente começa a desenrolar, o livro é uma mistura confusa de personagens e lugares que pode fazer um nó na cabeça do leitor. As aventuras de Victoria Jones começam mesmo na segunda metade da obra, a parte mais cativante da leitura. Mas vale a pena esperar. O enredo se baseia numa conspiração vaga e em acontecimentos e atitudes de alta improbabilidade, mas não deixa de ser envolvente. O mistério é constante, as personagens não são previsíveis e o desfecho é surpreendente.

Como primeira leitura de Agatha Christie, posso dizer que foi muito agradável e que estou animado para ler suas outras obras, principalmente as mais conhecidas. A leitura vale muito a pena, recomendo! :-)


sábado, 22 de dezembro de 2012

Dica de Filme: O Efeito Borboleta

A dica de filme de hoje é um muito famoso: O Efeito Borboleta. O longa, de 2004, estrela Ashton Kutcher como protagonista (fato que alguns acreditam ser o motivo do deste não ser tão reconhecido) e aborda um tema semelhante ao de Looper: Assassinos do Futuro, porém com uma perspectiva diferente: a viagem no tempo. O Efeito Borboleta alia a esse tema o lado psicológico e humano, o que o torna mais drama que ficção científica.

A história gira entorno de Evan Treborn (Ashton Kutcher) que, na sua juventude, sofria de blecautes mentais em momentos importantes de sua vida e acordava instantes depois sem lembrar do que havia acontecido. Com o passar do tempo, esses blecautes  se tornam raros na vida de Evan. Já adulto, ele descobre uma forma de lembrar o que havia se passado nos momentos de blecautes, lendo o diário que escrevia quando era jovem, e uma maneira misteriosa de reviver o passado e alterar o presente.

O filme apela para o lado psicológico e dramático, focando principalmente, no modo como pequenas atitudes no passado alteram drasticamente o futuro das pessoas e as relações entre elas. Este é o grande ponto do longa-metragem. Na tentativa de melhorar sua vida, o relacionamento de Evan e Kayleigh (Amy Smart), a garota que ele ama,  e das outras personagens sofrem constantes reviravoltas que deixam quem assiste na expectativa de saber como termina. O Efeito Borboleta com certeza não é previsível.

Além disso, exige que o espectador fique sempre atento devido à lógica de viagem no tempo criada e ao ritmo no qual ele de desenvolve. O modo como a trama envolve o espectador é impressionante, tomando toda sua atenção para a história e seu desenrolar. Recomendado para quem gosta de thrillers.

Porém, o mais surpreendente é como O Efeito Borboleta provoca reflexões durante e após o mesmo. De forma maximizada, o que é importante para que o filme tenha impacto, ele mostra como atitudes e acontecimentos considerados pequenos podem ter grande interferência no futuro. E com todas as características citadas acima, realmente consegue ser tocante e reflexivo.

O ponto fraco são os furos no enredo. Viagem no tempo é um tema que tem isto inerente por causa de sua complexidade. Todavia, O Efeito Borboleta traz essas lacunas em excesso e que certamente poderiam ter sido evitadas. Contudo, não deixa de ser ótimo. Recomendado a todos!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dica de Filme: Looper: Assassinos do Futuro


" 'Looper: Assassinos do Futuro' é ambientado em um futuro próximo, onde um grupo de assassinos conhecidos como Loopers trabalham para um sindicato do crime. Eles são enviados do futuro para o presente, para matarem criminosos antes que os crimes sejam cometidos. Mas quando um deles descobre que foi enviado para o passado para matar a si mesmo, o sistema começa a ser questionado. "


Estava procurando filmes para ver e achei este. Confesso que ao ver que Bruce Willis seria um dos protagonistas me desanimei. Entretanto, uma história envolvente, diferente, autêntica, e contando com personagens bem trabalhados, fazem de "Looper: Assassinos do Futuro" um filme realmente muito bom.

O ponto mais alto do longa é a relação entre o Joe do presente e o do futuro. Enquanto o primeiro é arrogante e egoísta, movido por um espírito jovem e impulsivo, o segundo foi "salvo" por uma mulher, que o tirou do crime e o deixou apaixonado. Um pouco clichê está última parte. Porém, o interessante mesmo é ver o pensamento e agir dos dois em conflito, e é por ai que a trama se desenrola. 

Além das personagens, a história é muito bem feita. É dinâmica, de forma que alterna entre momentos de suspense, ação e outros de mais diálogos. E "brinca" com os elementos que envolvem passado-presente-futuro, fazendo com que quem esteja assistindo seja obrigado a ficar atento do início ao fim para compreender o enredo.

Recomendo muito este filme pra quem quer ter duas boas horas de diversão, sem exageros comuns muito vistos em outros por ai. Looper: Assassinos do Futuro é um ótimo filme de ação e ficção científica.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dica de filme: O Resgate do Soldado Ryan

Época de férias, os jovens sem nada pra fazer em casa, morrendo de tédio e reclamando nas redes sociais. A esses -e aos outros também-, eu tenho uma das melhores dicas: filmes! Eles te entretem por um bom tempo, sem a necessidade de sair de casa e sem muito gasto . E acaba virando vício.

Porém, uma dica melhor ainda é variar e sair dos mesmos blockbusters de verão (o que não significa que são ruins) e explorar alguns longas menos conhecidos ou blockbusters de anos passados. O que importa é que entre esses, provavelmente, você irá descobrir ótimos filmes, muitas vezes melhores que os mais conhecidos entre a galera.

Hoje vou começar indicando um que é bem conhecido mas que muita gente ainda não deve ter visto. É O Resgate do Soldado Ryan, dirigido pelo famoso Steven Spielberg. O filme é de 1998 e estrela Tom Hanks como protagonista. Conta a história de um grupo de soldados americanos que têm como missão resgatar um soldado cujos três irmãos morreram batalhando.

As duas horas e quarenta minutos de filme não são cansativas. As cenas de batalha impressionam pelo realismo, e é claro, pelos tiroteios e explosões que  tanto adoram chamar nossa atenção. Mas é claro que não é só isso. As personagens, com suas diferenças de personalidade, junto com a situação a que são impostas, criam um interessante conflito, tão atrativo quanto a "violência". Com o decorrer do filme, a personalidade das personagens fica mais evidente e o espectador é surpreendido pela morte de alguns. Um pouco piegas, mas que passa a ideia interessante de que soldados são indivíduos, com aspirações, problemas, amores e tudo que uma pessoa qualquer tem.

Por ser um filme de guerra, há um patriotismo aliado a um sentimentalismo que, em alguns momentos, pode ser um pouco chato, mas nada que te faça levantar do sofá. Recomendado! Você que já assistiu, o que achou? Comenta aí :-)


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Resenha: 1808, Laurentino Gomes

1808- Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e Mudaram a História de Portugal e do Brasil é um livro de História do Brasil, escrito por Laurentino Gomes, que tem como foco principal a vinda de D. João VI e sua corte para o Brasil, sua estada aqui e o contexto histórico envolvido. Lançado em 2006, se tornou sucesso de vendas no Brasil e em Portugal, arrebatando importantes prêmios da literatura nacional, como o Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria de livro reportagem e de livro de não-ficção. O sucesso e as premiações alcançadas por essa obra são consequências da seu nobre objetivo aliado à qualidade, no aspecto linguístico, pois o livro é muito bem escrito e de linguagem acessível, e no aspecto bibliográfico, visto que o autor se baseia numa minuciosa pesquisa historiográfica, utilizando uma enorme gama de fontes para compor a obra. 

Primeiramente, a obra de Laurentino Gomes possui uma linguagem acessível aos leitores que não estão acostumados com o gênero. Qualquer outro livro do mesmo tema provavelmente possui uma linguagem muito mais rebuscada que torna a leitura cansativa e chata. O texto no estilo jornalístico adotado pelo autor deixa a leitura mais interessante e fluida. Assim, fica muito mais fácil entender a história e o contexto em que se deu a partida da família Real para o Brasil. De certa forma, a história até se torna intrigante e envolvente. Por exemplo, o autor apresenta algumas curiosidades, que, do ponto de vista histórico, não são muito importantes, mas que auxiliam o entendimento de como funcionava a sociedade na época. É uma forma simples de divertida de entender a História  e até com certa profundidade. Vale ressaltar que todo o texto é baseado numa profunda pesquisa feita pelo autor, que compõe uma confiável bibliografia ao livro. 

Edição Juvenil
É um livro recomendado a todos. Apresenta um panorama da sociedade brasileira da época, principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia. Outro aspecto interessante é que os fatos não são apresentados de forma isolada, e sim de modo que  sejam envolvidos pelo contexto histórico, como as Guerras Napoleônicas e o Congresso de Viena. Em suma, é essencial para quem quer entender melhor a história do Brasil  e de Portugal de uma forma acessível.

CURIOSIDADE: em 2008 foi lançado uma edição juvenil de 1808. É uma edição condensada e com belas ilustrações. Muito interessante!

domingo, 22 de julho de 2012

Notícias sobre "O Sacrifício"

A editora Bertrand Brasil já divulgou a data aproximada do lançamento da tradução do sexto volume da série " As Aventuras do Caça-Feitiço", O Sacrifício, bem como a capa e o primeiro capítulo do mesmo. O lançamento está previsto para o início de agosto. Abaixo seguem a capa divulgada, a capa britânica e o primeiro capítulo traduzido:

Dessa vez, a mãe de Tom precisa da ajuda do filho para evitar que sua terra natal, a Grécia, seja dominada por Ordeen, uma das mais poderosas deusas antigas. Além disso, é necessário impedir que o Maligno e a deusa se aliem, ou o mundo sofrerá uma nova era de trevas. Para o combate, estarão juntas criaturas poderosas. O único problema: entre elas estão as feiticeiras de Pendle, inimigas mortais que Tom jurou nunca se aliar.


Capa Britânica

                            





sábado, 7 de julho de 2012

Resenha: A Batalha do Apocalipse


Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final.


Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.

O que se espera de um livro bastante vendido? Que ele seja, no mínimo, bom. Entretanto, no caso de A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr, essa expectativa não é alcançada. O livro, contraditoria e  impressionantemente, é fraco, frente ao seu tremendo sucesso. Os planos do autor de criar uma grande obra épica foram frustrados e resultaram em um livro espesso e chato, com direito a uso excessivo de analepses, mudança do foco narrativo e personagens desinteressantes.


Já no início, o leitor é surpeendido por uma narrativa promissora, mas que não deslancha, pois o Spohr decide por uma "pedra do caminho". Antes de alcançarmos a página 50, antes mesmo de nos situarmos na confusa história, somos lançados em um enorme flashback sem motivo que, como uma outra história independente, tem início, meio e fim. O problema não reside em interromper a narrativa, apenas, mas também no fato que  o flashback não tem influência quase nenhuma na enredo principal. Para não tirar seu mérito, serve apenas para narrar como se deu o primeiro encontro entre os protagonistas. Desnecessário. Esqueça o apocalipse quando estiver lendo essa parte; sobre ele não será falado por um bom tempo. Não obstante, a mesma proeza se repete páginas depois, justo  quando o livro começa a fazer jus ao seu nome. Mais chato e maior, parece que a finalidade da nova interrupção é fazer o leitor desistir do livro. Geralmente, ler uma história perde a graça quando já se sabe como vai terminar. É isso que acontece nesse trecho de tempo psicológico de "A Batalha do Apocalipse". Essas várias interrupções no enredo principal contribuem para que o livro não prenda e conquiste o leitor.



Além da história descontínua, o autor "inova" e surpreende com uma mudança no foco narrativo. Inexplicavelmente, o texto passa da terceira para a primeira pessoa e assim fica até o autor decidir passar pra terceira pessoa novamente. Não sei o que levou Spohr a fazer isso, mas não foi uma boa sacada, pois certamente deixou muitos leitores, principalmente os mais atentos e exigentes, confusos.


Soma-se a isso, o fato que os personagens de A Batalha do Apocalipse são extremamente desinteressantes, por exemplo, o protagonista Ablon. Segundo o próprio livro, suas atitudes e as dos outros anjos são guiadas pela sua natureza apenas, ou seja, não tem livre-arbítrio. Em outras palavras, o personagem principal do romance é como um robô. Entretanto, o autor se contradiz, já que durante a trama, Ablon e outros anjos claramente tomam decisões. Mesmo assim não deixa de ser um personagem chato: não passa de um herói idealizado tentando salvar sua amada Shamira, com quem tem um romance. Os outros personagem seguem esse padrão: superficiais.


Para quem procura apenas ação, lutas, explosões e seres mitológicos, A Batalha do Apocalipse é uma boa sugestão. Porém, para aqueles que gostam de uma história original e bem construída, esse livro provavelmente não irá agradar.

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